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"Escolhendo a primeira bicicleta para o TRIATHLON &quot

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Mensagem  TÉCNICO FERNANDO Dom Dez 16, 2007 7:28 pm

A escolha de sua primeira bike é algo tão importante que, se errada, pode acabar com sua carreira antes de sua primeira prova. Se certa, em compensação, será a base para que você possa se desenvolver em uma modalidade crucial para o triatlon, onde a vantagem (ou desvantagem) sobre os outros atletas é imposta mais rapidamente do que na natação ou na corrida.

Para sua primeira bicicleta de triatlon, o ideal é que ela seja antes de mais nada, clássica: evite os designs muito arrojados (mesmo que você esteja com muitos dólares lhe queimando a carteira) e aprenda o básico com uma bicicleta honesta, mas sem muitas “frescuras” ou soluções revolucionárias.

Mantenha em mente que nas bicicletas (diferente de carros ou motos) o motor é você, e nenhum dinheiro vai lhe comprar pernas mais rápidas. Procure uma bike da melhor qualidade possível, mas com um design mais para o clássico e provado.

Ciclismo se aprende (pois realmente é uma arte) ao longo de anos, e não de uma hora para outra - deixe a bicicleta de última geração para um estágio mais tarde, quando você realmente poderá entender e apreciar as razões que a fazem tão avançada.

Quanto ao design, evite as “últimas”novidades do triatlon, pois elas invariávelmente apresentarão uma geometria muito agressiva, tornando-a não só difícil e perigosa de pilotar, mas também forçarão suas costas (e seu corpo todo) a uma posição muito radical. Prefira o ciclismo clássico, italiano ou francês : na verdade, você tem muito a aprender do ciclismo de estrada antes de trazer resultados relevantes no triatlon. Sem exceções, todos os triatletas hoje temidos na bicicleta têm um passado forte em cima dela : Galindez foi uma revelação do MTB argentino antes de se tornar tri; Mike Pigg conseguia a façanha de ser respeitado no pelotão profissional do ciclismo americano; Jimmy Riccitello foi “top 5” na categoria Expert (uma abaixo da Elite, disputadíssima) em várias edições da Cactus Cup de MTB no Arizona , onde mora; Jugen Zach e Thomas Hellriegel, antes de mostrarem uma nova dimensão para o ciclismo no Ironman do Hawaí, afiaram seus Dura-Aces na estrada com os ciclistas da Telekom alemã.

Resumindo: você precisa de uma bike com características de ciclismo para iniciar.

Você aconselharia uma McLaren de Fórmula 1 para as primeiras aulas de auto-escola de alguém? Pois é. No começo, você estará desenvolvendo básicamente sua musculatura específica para o pedalar - músculos posteriores das pernas, toda a musculatura dos glúteos, etc, tentando ensinar ou acondicionar essa musculatura ao esforço em uma posição neutra, correta, desenvolvendo assim a base para que se possa extrair o máximo de sua performance no futuro.

As bicicletas de hoje no triatlon tem um ângulo de tubo de selim bastante “em pé”, e um centro bem recuado. Isso faz com que você trabalhe muito mais a musculatura anterior das pernas, e no início é muito mais importante que você desenvolva a musculatura posterior das pernas, pois elas serão a base, o fundamento do ciclismo para muitos anos de sua carreira. Claro que deve-se levar em conta que cada caso é específico e muitos atletas preferirão, por motivos de adaptação pessoal, uma outra posição, mas existe uma sabedoria já provada e comprovada no ciclismo clássico que simplesmente não pode ser ignorada. Lembre-se que centenas de ciclistas do pelotão profissional pedalam melhores tempos em contra-relógios que qualquer triatleta profissional, e nenhum triatleta consegue igualá-los em nenhuma distância.

Existe também o assunto de desenvolvimento dos estímulos em cima da bike de geometria clássica (digamos ângulos de 73 graus) : a parte de subida (em pé e sentado), a parte de arrancada, passo em plano, técnicas de curvas, e mesmo a posição - é melhor aprender primeiro a pedalar corretamente , e só depois experimentar com posições mais radicais. Essas técnicas são cada vez mais importantes no mundo do vácuo livre. A bike de angulação mais agressiva(76 ou 78) te dará mais sensibilidade (ela é mais “nervosa”) em curvas, e mais tarde (quando seu corpo já testiver adaptado) um pouco mais de conforto. A aerodinâmica, tão importante para as provas planas, na verdade pode ser conseguida nas duas geometrias se você se empenhar. A grande diferença na realidade é que, com um centro mais recuado (na geometria mais agressiva) acredita-se que você possa poupar mais os músculos posteriores da perna, economizando-os para a corrida. Não queremos de modo algum levá-lo a crer que as bicicletas mais avançadas sejam ruins, porém estamos falando de atletas iniciantes e é sabido que, a longo termo, os triatletas que possuem vivência maior no ciclismo são mais sólidos nessa modalidade.

Quanto a rodas aro 26’ ou 700 ( 27’ na verdade são as rodas de bicicletas de transporte e passeio européias, e o pneu 27’não serve no aro 700), nota-se hoje um retorno ao clássico 700, mesmo entre os atletas de ponta como Galindez e Manzan que já usaram as rodas pequenas e hoje estão de volta ao tamanho normal. Aqui leve-se em conta também o fator mercadológico e comercial, pois as grandes fábricas podem influenciar muito quando querem vender um determinado produto. O aro 26’ é melhor principalmente sob uma condição : plano. Hoje já se sabe que o triatleta mais eficiente é também o mais completo, o mais eficiente não em apenas uma mas em várias técnicas de ciclismo como subida, descida, curvas, plano, etc. Logo, a bicicleta também deve acompanhar essas performances.

Existem também atletas que se sentem bem no aro 26’ em determinadas provas ou ocasiões (planos, longos), e na 700 em outras (percursos mistos, subidas). Nada de errado nisso, exceto que você vai precisar de várias bikes e nunca vai saber ao certo com qual treinar em percursos mistos.

Outro ponto importante na escolha de sua primeira bike é a relação de marchas, que engloba o número de dentes de sua coroa e dos pinhões (o conjunto de pinhões forma o cassete) e o tamanho de seu pé de vela. Apesar da maioria das bicicletas serem vendidas como elas vêm de fábrica, talvez essa relação não seja a mais indicada para você. Escolha seu pé de vela levando em conta o tamanho de suas pernas, o momento que você está em seus treinos e competições e sua alavanca. Em regras gerais, um pé de vela mais longo (175mm ou mais) gera maior alavanca, força bruta. Já um pé de vela menor (175 ou menos) lhe facilitará o giro. Esse é um assunto no qual poderíamos nos aprofundar muito, mas isso já lhe dará a idéia geral.

Em relação a material, novamente dê preferência ao tradicional, puro e comprovado: um bom quadro de cromo te dará mais base para julgar os materiais exóticos mais tarde. Se sua verba for limitada, um modelo médio, produzido em série mas de uma boa marca poderá prover suas necessidades perfeitamente. Já se você quiser uma bicicleta tradicional mas de alto nível desde o começo, opte por um quadro Colnago, Cinelli, DeRosa, etc. - qualquer clássico europeu. Assista ao Tour de France em Julho, ou ao Giro d’Itália em Maio para se informar - aliás, assista de qualquer modo pois são mega-eventos muito emocionantes quando você presta atenção nas distâncias e médias horárias, além de educativos se você se concentrar na forma e nas estratégias dos ciclistas e suas equipes.

No ciclismo, é importante ter vindo de baixo, é importante o Mountain Bike, é importante a habilidade do dia a dia na bicicleta pois é a partir daí que vem o domínio. Do domínio vem a confiança e só dela você desenvolve suas reais qualidades físicas.

É também muito beneficial e aconselhável que você se interesse por outras modalidades de ciclismo, sejam do seu agrado as longas e velozes etapas de provas de estrada, a fúria e a força anaeróbica do velódromo ou a inconstância aeróbica e a destreza técnica da pilotagem na MountainBike. Se você puder praticar (desde que seu técnico concorde) ou mesmo competir em qualquer uma delas, ótimo e com certeza estará cultivando uma vantagem a seu favor depois da água.

Aprender a usar a bicicleta ao máximo de seu potencial é algo que parece simples mas raramente é visto no meio do triatlon - na minha opinião pessoal os mais notáveis são o Galindez e o Catapretta. É necessário conhecer seu equipamento e suas nuances: tamanho de quadro adequado, tamanho de roda, o que cada relação de marchas pode lhe proporcionar, o que representa (em esforço e eficiência) um determinado rpm, a importância de saber alternar diferentes tipos de giro para se desenvolver várias musculaturas, desenvolver vários ritmos e velocidades usando todo o conhecimento adquirido, inclusive o do próprio corpo, sabendo o que ele está fazendo e porquê ele está fazendo aquilo na bike. Usando um clichê, a bicicleta deverá se tornar uma extensão de seu corpo e sua mente.
TÉCNICO FERNANDO
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